O presidente argentino, Javier Milei, enviou esta semana uma carta aos cinco chefes de Estado dos países que integram o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), informando sobre sua decisão de retirar a Argentina da lista de países que passaria a formar parte do grupo a partir de 1º de janeiro de 2024. A carta não surpreendeu o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais promotores da incorporação da Argentina ao Brics, que já esperava essa mudança de posição do novo governo argentino.
A entrada da Argentina foi decidida na última cúpula do bloco, realizada no final de agosto, na África do Sul. No mesmo encontro foi votada a incorporação da Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito e Irã. Se Milei não tivesse enviado a carta — escrita num tom cordial e deixando as portas abertas para uma eventual mudança de posição no futuro —, a Argentina passaria a ser membro do Brics no primeiro dia do ano.
Quando o grupo aprovou a entrada da Argentina, Lula estava, sem estridências, fazendo gestos de apoio ao governo do ex-presidente peronista Alberto Fernández, em plena campanha presidencial no país. O Palácio do Planalto apostou na eleição do também peronista Sergio Massa, derrotado nas urnas por Milei. Desde que o líder da ultradireita argentina foi eleito, em 19 de novembro, o Brasil, que também defendeu a entrada de outros países, entre eles a Arábia Saudita, sabia que a retirada da Argentina do Brics era apenas uma questão de tempo.
Fonte: O GLOBO